sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Amar é...

Eu já disse em outro texto que não acho justo - e nem possível - alguém querer definir o que é o amor. Muitos tentam e oferecem as mais diversas explicações e conceitos, mas parece que a dúvida e a polêmica só aumentam. Ao mesmo tempo em que pode se consolidar e amadurecer a ponto de ser simples, o amor não deixa de ser complexo. Olha só o que eu já acabei de afirmar: o amor pode ser simples e complexo ao mesmo tempo. Que contraditório. Por isso, melhor mesmo é não tentar definir o amor.
Por outro lado, acho possível tentar entender algumas "formas" através das quais podemos "amar" alguém. Quando a gente ama, a gente cuida, a gente protege, a gente se preocupa, a gente se entrega e se sacrifica. Mas é um sacrifício bom, que nos dá prazer e satisfação, pois sabemos que estamos fazendo algo bom pra alguém que é especial e importante em nossas vidas.

Outro dia, uma pessoa me disse que amar também é sentir falta, não conseguir ficar longe da pessoa amada. Acho que esses são efeitos de quando se ama, já que ocorre uma espécie de fusão entre duas pessoas que, de certa forma, acabam se tornando uma. Assim, quando metade está longe, a outra metade sente falta, se sente incompleta. É mais ou menos esse o esquema da tradicional "fusão romântica" que estamos acostumados a presenciar, em que duas pessoas se fundem e se completam. Mais tranquilo seria se essas duas pessoas já se encontrassem previamente "completas" e se unissem apenas pra se "complementar", pra somar. Mas o nosso vazio humano e a nossa necessidade de aconchego quase que inviabilizam esse tipo de processo, que fica restrito a uns poucos seres iluminados que já atingiram um grau altíssimo de maturidade e experiência. Um dia eu chego lá.
Mas e aquele fogo incontrolável??? Fogo é paixão, atração e química. Coisas que não têm nada a ver com o amor. São sentimentos bons, mas não são ligados ao amor. As pessoas envelhecem e deixam de ser atraentes. Os hormônios mudam, desaparecem, e a química e a atração diminuem consideravelmente com o tempo. Ainda assim, essas pessoas podem se amar, se respeitar, se cuidar: por causa do amor!
Dois velhinhos podem estar juntos há cinquenta anos, e ainda podem se amar não por causa da paixão, da atração ou da química, mas por causa do cuidado, da proteção, do respeito, da amizade e do aconchego que proporcionam mutuamente.
Por isso, acho que podemos começar a amar bem através do cuidado, da proteção, do respeito, da amizade, do carinho e do aconchego. E no meio do caminho podemos aprender e incrementar esse "amar" com outras formas de fazer bem ao outro.