segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Separado, e daí?

Outro dia eu li um livro com esse título: "Separado, e daí?". Foi escrito por uma jornalista e ela contava um pouco da história da sua separação. Ela falava das fases, da superação, dos micos, dos preconceitos.
Mas existe um detalhe muito importante quando se trata de separação ou divórcio. A separação de um casal "sem" filhos é totalmente diferente da separação de um casal "com" filhos. Esse detalhe é de total relevância.
Eu tenho amigos sem filhos que se separaram há anos e simplesmente nunca mais precisaram ver ou conversar com o antigo cônjuge. Se o casamento realmente acabou, essa situação facilita bastante o "depois". É bem mais fácil se superar uma separação quando não há filhos envolvidos. Coloca-se um ponto final e pronto. Cada um segue o seu rumo. É como se houvesse menos marcas e cicatrizes para se carregar. Menos lembranças.
Mas, quando há filhos, mesmo que indiretamente, o vínculo ou os contatos com o ex-cônjuge serão comuns e necessários, especialmente enquanto os filhos forem pequenos. Não há como fugir disso. De qualquer forma, o mais importante será a manutenção do respeito, da educação e da civilidade. Especialmente em consideração aos filhos.
Em relação ao "recomeço", numa separação com filhos a situação é mais delicada. A sociedade brasileira ainda é bastante preconceituosa. A esmagadora maioria dos pais espera que seu filho ou filha se casem um dia com alguém que não teve uma "história" anterior. Nas comunidades religiosas, dependendo da interpretação bíblica daquele grupo, o preconceito é ainda maior: privilegia-se a "lei" em detrimento da "graça", e se proíbe o segundo casamento.
O fato de alguém ser separado e ter filhos não o torna melhor nem pior do que ninguém. E o fato de a pessoa ser solteira e não ter uma história anterior não é garantia absolutamente nenhuma de sucesso numa eventual união. Talvez até pela experiência anterior a chance de errar novamente seja menor.
Independentemente das razões ou justificativas, o preconceito existe em relação a pessoas separadas. Mais ainda se forem separadas e com filhos. Isso é fato.
Eu sou separado já há um bom tempo; já vivi e ainda vivo regularmente esse preconceito. No começo, a gente sofre e não entende muito bem algumas atitudes. Mas, com o tempo, a gente se acostuma e aprende a lidar com essas situações.
Como em quase tudo na vida, numa separação também há um lado bom e um lado ruim, há vantagens e desvantages. Nessas situações de preconceito, o melhor é tentar focar no lado bom e nas vantagens de ser novamente solteiro, levantar a cabeça e seguir em frente. Pois a vida tem que continuar.

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto!
    Conheço casais que não se separam pois ficam preocupados com a imagem distorcida diante da sociedade: de "bom pai e bom marido" passa a ser o "cara mais velho e separado".
    Aí vive pela metade, conformado e não tem coragem de buscar felicidade plena.
    Beijos

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  2. Qualquer relacionamento é complicado, mais ainda entre marido e mulher, são conflitos, desentendimentos, falta de respeito às diferenças de opiniões, egoísmo e outros que desgastam a relação aos poucos... homens e mulheres são muito diferentes, pensam muito diferentes...
    Algumas pessoas submetem-se a viverem em um relacionamento falido, talvez por motivos concretos, talvez por comodismo, outras pessoas enfrentam familiares e preconceitos que possam vir, dão um basta e vão em busca da felicidade.
    Uma separação sem filhos é muito mais simples de se lidar, não há necessidade de envolvimento para o resto da vida como uma separação de um casal de filhos.
    A chance de errar pela segunda vez é bem menor para os sábios, pois há aqueles que casam e se separam diversas vezes.
    Acho interessante a frase de Arnaldo Jabor: "Amor é sonho dos solteiros, sexo é sonho dos casados..."
    Mas que como tudo na vida... que seja eterno enquanto dure...

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  3. Gostei do post, vi a reportagem da autora do "Separado, e daí? mas não me identifiquei nada, pq ela não teve filhos. Separado com filhos, é beeeeeem diferente. Nem juntando "Comer, rezar, amar" com "Não comi, não rezei, mas me amei" e "A arte de separar-se" fala desse caso em especial. Sou hiperativa p escrever mas se pudesse escreveria sim um "Separado com filho, e daí?

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